segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Distúrbios eletrolíticos - sódio

 
Distúrbios de sódio


Hiponatremia


Conceito: caracterizada por Na + sérico < 135 mEq/l, assume maior gravidade em situações  em que os níveis de sódio encontram-se abaixo de 120 mEq/l, ocasião em que necessita de correção imediata e cuidados. É o distúrbio eletrolítico mais comumente encontrado em pacientes instáveis, podendo ser decorrente de uma série de condições, tais como:

            Osmolaridade plasmática normal (pseudohiponatremia) – Huperlipidemia e hiperporteinemia;
            Osmolaridade plasmática aumentada (hiponatremia dilucional) - hiperglicemia, manitol, glicerol e contrastes radiológicos;
            Osmolaridade plasmática baixa (hiponatremia verdadeira) – 1. Com urina muito diluída (baixa ingesta proteica, aporte excessivo de água); 2. Urina com diluição normal ou reduzida: 2.1 Hiponatremia normovolêmica: hipotireoidismo, insuficiência suprarrenal, doenças neurológicas, etc; 2.2 Hiponatremia hipovolêmica: perdas extrarrenais e perdas renais; 2.3 Hiponatremia Hipervolêmica: Insuficiência cardíaca congestiva (ICC), síndrome nefrótica, cirrose hepática.

Hipernatremia

Conceito: Caracteriza por Na+ sérico > 145 mEq/l, costuma assumir mais gravidade quando os níveis de Na+ ultrapassam 150 a 155 mEq/l, com grande potencial de mortalidade e risco de sequelas. Está sempre associada à hiperosmolaridade plasmática e normalmente é causada por um déficit de água ou aporte excessivo de sódio, podendo cursar com hipovolemia, normovolemia ou hipervolemia.
Independentemente do fato casual, o aumento da concentração de sódio no plasma acarreta desvio de água do compartimento intracelular para o extracelular, situação particularmente grave quando se considera o SNC, onde a hipertonicidade nos capilares sanguíneos frente à barreia hemato-encefalica leva a um desvio de água do líquor, do interstício cerebral e dos neurônios, com consequente ingurgitamento vascular e desidratação neuronal, sendo comum o desenvolvimento de hemorragias e fenômenos trombóticos.

Diagnóstico clínico: deve-se suspeitar da Hipernatremia e hiperosmolaridade em qualquer paciente com alteração do estado mental e história sugestiva de déficit de água ou aporte excessivo de sódio, embora muitas vezes o diagnóstico de Hipernatremia seja um achado da pesquisa de eletrólitos realizada de rotina. Quando há sintomas, estre predominantemente ligados ao SNC, podendo ocorrer irritabilidade, confusão, convulsões, torpor, coma e outras alterações decorrente de eventuais hemorragias e tromboembolismo. Por outro lado, a estimativa clínica da volemia é essencial para a correta abordagem diagnostica e terapêutica, devendo=se sempre avaliar se o paciente encontra-se normovolêmico, hipovolêmico ou com sinais de hipervolemia.

Tratamento: independentemente da causa, a hiperosmolaridade determinada pela Hipernatremia implica sempre em um déficit de água. Quando o paciente está lúcido e com mecanismo de sede preservado, normalmente o aumento natural da ingesta de água por via oral é capaz de equilibrar o quadro. No entanto, nos casos graves sintomáticos ou na impossibilidade ou inadequação da reposição oral, é necessária a reposição venosa do déficit de água que pode ser calculado através da formula: Déficit de água (em L) = peso x 0,6 x [Na + - 140) /140]
Em pacientes com Hipernatremia a mais de 48 horas ou em caso de duvidas sobre o período de instalação do quadro, essa reposição não deve ultrapassar a metade do déficit calculado nas primeiras 24 horas, face ao risco de edema cerebral e deterioração do quadro neurológico associado a reposições rápidas. De modo geral, recomenda-se não reduzir a natremia em mais do que 0,5 a 1,0 mEq/l por hora devido ao risco de desvio abrupto de água para o interior dos neurônios, resultando em edema cerebral, hipertensão intracraniana e suas potencias complicações.
Se o paciente está normovolêmico, pode-se acrescentar o déficit de água a hidratação de manutenção na forma de soro glicosado a 5%, com concentrações de sódio na faixa de 20 a 30 mEq/l. Se há choque (hipovolemia) prioriza-se a reposição de volume, que pode ser feita com 40ml/kg de soro fisiológico 0,9% em 1 hora ou colóides. Se houver suspeita de edema cerebral por correção rápida, pode-se usar o manitol até de 2/2h. Se há hipervolemia, deve-se facilitar a excreção de solutos através da administração de diuréticos, como a furosemida, repondo-se as perdas urinais adicionais de água. Nos casos de insuficiência renal, indica-se dialise ou hemofiltração.
Naturalmente, deve-se buscar sempre o tratamento da causa básica da Hipernatremia, como por exemplo, a administração de vasopressina no diabético insipido de origem central; clorpropamida e tiazídicos no diabetes insipido nefrogênico; etc.

 Fonte: BARBOSA, A. P. Distúrbios eletrolíticos. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, 1999.


Nenhum comentário:

Postar um comentário